Meu lugar

Subúrbio no Rio é assim: nascido ao longo do leito da via férrea, partindo da Central do Brasil em direção ao sertão.  Nasci ali em meio aos Engenhos da Rainha, de Dentro, Novo, na localidade dos Pilares de açoites e pregões e bem próximo do largo onde se fez a algazarra da Abolição.

Surgi na época da família real no Brasil, em cujo largo havia pequenos pilares em torno de uma fonte de água. Os pilares eram para amarrar os cavalos, a fim de eles beberem água fresca da boa. Fui uma das paradas do caminho real de Santa Cruz, hoje Avenida Dom Hélder Câmara, antiga Avenida Suburbana.

No Largo de Pilares, como ainda hoje sou chamado, havia o entroncamento de três vias muito importantes para o escoamento das mercadorias vindas de Minas Gerais, de São Paulo e da parte mais rural da cidade(como Jacarepaguá): a já referida Estrada Real de Santa Cruz(atual Avenida Dom Hélder Câmara), Estrada da Praia de Inhaúma (hoje Rua Alvaro de Miranda) e Estrada Nova da Pavuna (Av. João Ribeiro), que ia até o porto da Pavuna. Esta estrada era um novo caminho para Pavuna, mas ia pelo interior, enquanto a estrada velha da Pavuna seguia mais perto da linha dos portos. Ainda hoje há marcos: na rua Otacílio Nunes há o Estabulo Santa Cecilia.

Na década de 50, este meu lugarzinho tinha um forte comércio, trazendo para cá pessoas de outras regiões da cidade e grandes indústrias nos arredores.  Com isso, surgiu a associação chamada CCIP (Centro Comercial e Industria de Pilares), hoje, um clube com programação dinâmica e variada.  Aqui também tem uma estação de trem que vai de Belford Roxo a Central (centro) e diversas linhas de ônibus.

Atualmente, na vizinhança da minha quadra, surgem shoppings, grandes empreendimentos imobiliários, vias expressas ligando o aeroporto à Barra da Tijuca, restaurantes e grandes redes de supermercados.

Mas, a maior graça deste Meu lugar é ser terra de samba, morada de bambas na terra (como nos “conjuntos de moradores”) e no céu (a eterna morada da vizinha Inhaúma).

Portanto, seja bem-vindo, puxe a cadeira e sinta-se em casa, porque é ela é sua também.